Júlia Tanaka é uma das principais personalidades do jornalismo em Ibiúna. A dama da comunicação, como carinhosamente é reverenciada pela diretora da Revista Mais Ibiúna, traz mais de três décadas de dedicação na edição do jornal Voz de Ibiúna.
1) O que a inspirou a lançar um jornal?
O momento era de nova Constituição Federal e fim da Ditadura, mas o sistema ditatorial ainda imperava. Por isso, em 1989, eu e um grupo de amigos, jornalista, professores, advogado, médico e assistente social, decidimos lançar um jornal independente, que atendesse as reivindicações do povo para informar, criticar e propor soluções em busca de uma cidade melhor.
2) 34 anos de VOZ de IBIÚNA, 27 anos de Fone-Fácil. Como era Ibiúna no início do jornal?
O tempo passa muito rápido. Há 34 anos ainda não existia internet, chegamos a montar o jornal em Linotipo (letra por letra). Gravávamos o jornal zip, levávamos para a gráfica e ficávamos esperando a impressão. Eu e o Jodi, meu marido, ficávamos esperando, dormindo no carro. Depois, veio os CDs, mas continuamos com a mesma rotina. Não foi fácil.
Jornal ainda é um produto muito caro, trabalhoso, requer muita responsabilidade de nossa equipe. Ibiúna era e sempre foi uma cidade conservadora. Ao longo dessas três décadas, o VOZ contribuiu muito para alertar os estudantes, professores, políticos, comerciantes, agricultores, enfim a população em geral, que havia necessidade de evoluir culturalmente, socialmente, economicamente e politicamente também.
O Fone-Fácil foi lançado em 1997 com o objetivo de colaborar com o comércio e a cidade, não havia nenhum guia telefônico; foi um produto inovador, na época, que ganhou notoriedade e se tornou tradicional na cidade, por isso alcançou 27 edições, mesmo com a revolução que a internet e os aparelhos mobiles causaram na comunicação como um todo.
3) Qual a notícia publicada no VOZ de IBIÚNA, que mais impactou você?
Foram várias. Denúncias que viraram inquérito e impactou o cotidiano da cidade. Mas, para mim, a notícia mais triste e marcante foi com a edição posterior a morte do ex-prefeito Coronel Darcy (20/06/2009) – foi uma edição muito triste; confesso que chorei na redação algumas vezes enquanto editávamos o jornal. No fim de 2021, também perdemos o nosso colunista Claudino Piletti (16/12/2021), que colaborou com o VOZ desde sua fundação. Ele faleceu no dia que estávamos distribuindo o jornal, que veiculou o último artigo que ele escreveu. Claudino era muito inteligente – acima da média.
4) Nestas três décadas, deve ter havido muitos momentos de grandes desafios. Como superou?
Os desafios foram e continuam sendo muitos; vivemos de publicidade e a situação econômica interfere na disposição dos empresários e comerciantes em anunciar. Mas, sem dúvida, fazer um jornalismo sério em uma cidade pequena não é fácil. As pessoas acabam misturando a nossa função de informar. Enfrentamos alguns processos judiciais ao longo dessas décadas; mas, sempre vencemos, até porque sempre procuramos divulgar notícias fundamentadas e ouvir os lados envolvidos. Como imprensa, porém, sabemos que não é possível agradar a todos.
5) O Voz de Ibiúna é um dos veículos de comunicação mais antigo na cidade, acompanhou o desenvolvimento de muitas pessoas e empresários. Como é comemorar 34 anos?
Nem o mais entusiasta dos fundadores imaginou que chegaríamos a 34 anos. É um desafio e uma alegria; registramos a história de Ibiúna nesse tempo. A imprensa é considerada o quarto poder e, juntamente com todos os colaboradores, colunistas, voluntários e entregadores de jornais, chegamos até aqui. Temos muito orgulho da nossa cidade e nos orgulhamos do nosso trabalho, evidente que tem falhas e temos a nossa visão de mundo e das coisas, que nem sempre coincidem com o da maioria. Mas, festejamos, por continuar escrevendo a história de Ibiúna e a nossa própria história. Tudo isso, graças ao apoio dos nossos anunciantes e patrocinadores, que tornam possível a edição impressa do VOZ.
6) Três décadas com fatos que marcaram, impactaram Ibiúna e seus moradores. Você já pensou em lançar um livro desta trajetória?
Confesso que nunca pensei em lançar um livro sobre essa trajetória de mais de três décadas. O nosso colaborador, o José Gomes (Linense), sempre escreve em nossas edições e tem se empenhado na elaboração de livros sobre a história de Ibiúna. O jornal é muito dinâmico e agora com as redes sociais manter atualizado as informações requer muito tempo, ainda com o Fone-Fácil. Nossa equipe é bem pequena; ainda não passou pela cabeça a ideia de lançarmos um livro; mas, quem sabe...